Chamado do Grupo de Coordenação Internacional do ICOG pelo 28 de Abril, Dia Internacional da Saúde e Segurança no Trabalho, 1º de Maio de 2020
A crise sanitária acelerou a crise econômica mundial que começou em meados de 2008. Em resultado disso e das crises estruturais, com a transição para a mobilidade elétrica e a digitalização, milhões de postos de trabalho na indústria automóvel e no sector dos fornecedores estão gravemente ameaçados.
Apelamos pela luta por cada emprego e exigimos a semana de 30 horas com compensação salarial integral.
O encerramento da produção no setor automotivo é oportuno para algumas empresas, a fim de reduzir a sua sobreprodução, especialmente porque recebem pagamentos compensatórios subsidiados pelo Estado no valor de milhares de milhões.
Em países como a África do Sul, as Filipinas ou a Índia, o encerramento e o toque de recolher impostos afetam milhões de pessoas na sua própria existência. A situação "Sem trabalho - sem salário!" aumenta a pobreza e a miséria. A subsistência dos trabalhadores do setor automotivo e de suas famílias está duramente ameaçada.
Em vez de perdas salariais maciças, exigimos dos empregadores de todo o mundo o pagamento a 100% pelos dias de trabalho perdidos devido à crise de saúde do novo coronavírus.
Por razões de lucro e na feroz concorrência internacional, a economia e a produção de automóveis deverão ser relançadas em breve. Estamos a preparar-nos para travar uma luta decisiva contra a transferência do fardo da crise para os trabalhadores do setor automotivo e suas famílias. "Não vamos pagar por essa crise que não é nossa" tem de se tornar a orientação internacional para os trabalhadores do setor automotivo. Do mesmo modo, não aceitamos que a retomada da produção seja perigosa e aconteça sem proteção da saúde dos trabalhadores. A saúde antes do máximo lucro é nossa consigna a nível mundial. Embora a situação tenha imposto proibições de contato físico, os trabalhadores das fábricas devem continuar a trabalhar "ombro a ombro".
Já em Março, os trabalhadores da FCA na Itália, da Daimler em Vittoria (Espanha) ou de Stuttgart, na Alemanha entraram em greve, exigindo, legitimamente, o encerramento da produção para se protegerem contra infecções. Os trabalhadores de todo o mundo lutam pela proteção da saúde e pela paralisação nas fábricas que não têm uma produção essencial. No Brasil, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região decretou greve em 30 fábricas com a ameaça de uma greve geral e com exigências de pagamento contínuo dos salários e de segurança no emprego. Em Marrocos, na Índia e em muitos outros países, há protestos contra o recolher obrigatório e a pobreza, contra as políticas governamentais e contra a repressão violenta. Na Itália, 150 pessoas de 12 organizações discutiram os efeitos da pandemia do Coronavírus numa videoconferência e chegaram ao acordo sobre 13 exigências comuns. Os trabalhadores da General Electric nos EUA exigem a conversão da produção para a produção de ventiladores médicos.
São necessárias medidas de proteção para conter o Covid-19. No entanto, nos opomos firmemente a medidas de emergência de repressão política, incluindo a imposição de lei marcial, que se destina a impedir as lutas e os atos de resistência dos trabalhadores. Isto também afeta diretamente o 1º de Maio, Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora. Apesar de todas as restrições, neste ano é necessário organizar de maneira adaptada, manifestações e ações criativas, ações nas fábricas e unir o movimento operário e sindical militante em todo o mundo.
Com a divulgação do nosso Programa Internacional de Luta, que adotamos em fevereiro deste ano, na 2ª Conferência Internacional dos Trabalhadores do Setor Automotivo, na África do Sul, iniciamos uma ofensiva por reforçada unidade sindical internacional. O programa internacional de lutas trata das precauções sanitárias para os trabalhadores face ao aumento da exploração nas fábricas, mas também das consequências da fraude criminosa com gases de escape e da transição para a catástrofe climática que afetará a saúde de toda a população mundial. Com a evolução da crise deste ano, tendo em conta as disputas e lutas esperadas, é urgente que tratemos isso com importância. O fracasso do sistema capitalista nesta situação confirma a reivindicação desse programa de luta por um debate estratégico para uma alternativa socialista, contra a propaganda barata anti-comunista, anti-revolucionária e anti-capitalista.
"Não nos limitamos à luta por melhores condições salariais e de trabalho. Queremos uma vida plena, digna e saudável para todas as pessoas em consonância com o Meio Ambiente - uma sociedade sem exploração e opressão, porque outro mundo é possível". (Resolução da fundação da Coordenação Internacional dos Trabalhadores do Setor Automotivo, Outubro de 2015) |
Apesar das restrições em nossa vida pública devido à pandemia do Covid-19 e contra toda a divisão nacionalista ou social-chauvinista, apelamos a todos os trabalhadores do setor automotivo e as respectivas famílias em todo o mundo para que se manifestem nesse 1º de Maio, Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora:
Pela proteção, em nível mundial, pela saúde e segurança no trabalho durante a crise sanitária do Covid-19!
Contra a utilização da crise de saúde atual para desmantelar e suprimir ainda mais os direitos e liberdades políticos e democráticos, e contra as medidas de emergência política!
Não transferir o fardo da crise aos trabalhadores do setor automotivo, as suas famílias e as massas!
Trabalhadores do setor automotivo do mundo, cruzemos as fronteiras e reforcemos a unidade internacional dos trabalhadores!
saudações de solidariedade
Ed Cubelo (Filipinas), Dieter Schweizer (Alemanha)
Coordenadores do ICOG
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