No Brasil, trabalhadores derrotam Bolsonaro nas urnas

3 de novembro de 2022: Correspondência do Brasil: Agora, é hora de derrotar as ações golpistas, manter a independência de classe e preparar a luta por nossas exigências e contra qualquer ataque a nossos direitos! Neste domingo (30 de outubro), conseguimos impor uma importante derrota ao Bolsonaro (Partido Liberal/PL) e à ultra-direita no Brasil. Em uma das eleições mais disputadas e polarizadas de nossa história, Luiz Inácio Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores/PT) obteve 50,90% dos votos válidos, o equivalente a mais de 60 milhões de votos (60.345.999); contra 49,10%, ou um pouco mais de 58 milhões de votos, para Bolsonaro (58.206.354).

Após quatro anos de um mandato desastroso e prejudicial para o povo brasileiro, especialmente para os trabalhadores e os mais pobres, Bolsonaro é o primeiro presidente em exercício a perder a reeleição. Lula, por sua vez, será presidente pela terceira vez, por voto direto.

Após três dias de silêncio, Bolsonaro se pronunciou oficialmente, agradeceu aos brasileiros que votaram nele e não concedeu ou reconheceu explicitamente a vitória de Lula.

Por outro lado, vários membros do governo e instituições, como o Senado e a Câmara dos Deputados, reconheceram os resultados do segundo turno das eleições realizadas ontem. Vários governos de países estrangeiros, como os EUA, França, China, Rússia e outros líderes, fizeram o mesmo e parabenizaram a eleição do candidato do PT. 

 

As tentativas de golpe bolsonaristas

Após a perda de Bolsonaro, milhares de seus apoiadores foram para as ruas, bloqueando estradas, numa tentativa de reverter a eleição.

Bolsonaro e seus aliados fizeram de tudo para evitar sua derrota. Neste domingo, a cartada final foi a tentativa feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) de prejudicar a participação da população no processo eleitoral.

Nas redes sociais, houve vários relatos de operações da PRF que não cumpriram a determinação votada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de não realizar operações contra o transporte de eleitores.

As ações da PRF concentraram-se principalmente na região nordeste, onde o PT venceu por larga margem no primeiro turno. Houve mais de 600 ações, das quais quase 50% foram na região. A região Sul, um reduto bolonarista, por outro lado, registrou apenas 8% das operações. A hashtag #DeixemoNordesteVotar (#LetNortheastVote) tornou-se um tópico de tendências ao longo do dia.

No sábado (29/11), a violência propagada pelos seguidores de Bolsonaro também foi repetida. Uma semana após o episódio liderado pelo aliado de Bolsonaro, o ex-congressista Roberto Jefferson (Partido Trabalhista Brasileiro/PTB) - que recebeu os agentes da Polícia Federal enviados para prendê-lo sob acusações de LGBTIfobia, sexismo e outros crimes, com balas e granadas -, a deputada federal Carla Zambelli (PL), após uma discussão política no bairro "Jardins" de São Paulo (SP), perseguiu um negro com uma arma. A congressista alegou que foi agredida, mas as imagens mostram o contrário: enquanto perseguia o homem, ela tropeça, e um de seus seguranças chega a atirar contra ele, no meio da rua.

O uso de todo o aparato estatal em favor de sua candidatura foi outra marca registrada desta eleição. Bolsonaro tomou todo tipo de medidas populistas para tentar "comprar o voto" da população, especialmente os mais pobres, que ele nunca considerou durante seu mandato, como o aumento (até dezembro deste ano) do benefício "Auxílio Brasil",, a manobra para reduzir o preço dos combustíveis e o uso desenfreado do chamado “Orçamento Secreto” para favorecer seus aliados e vendidos.


Derrotar as ações golpistas e manter a luta independente

Lula foi eleito por votação direta e isso significa uma forte derrota para Bolsonaro, a extrema direita e o projeto de fechar o regime que estes setores defendem. A defesa das liberdades democráticas, conquistadas na luta direta que derrotou a ditadura militar, para nós está acima de nossas diferenças com o programa de governo e as alianças burguesas de Lula e Alckmin. 

Votar criticamente em Lula não significou apoio ao projeto de conciliação de classes apresentado pelo PT e suas alianças com a burguesia. Depois desta importante vitória com a derrota de Bolsonaro, devemos lutar, porque o bolsonarismo não acabou.

Os resultados eleitorais também mostram que eles continuarão com força no Congresso e em todo o país, em vários estados e municípios. Somente com organização e luta dos trabalhadores será possível, de fato, impor uma derrota ao projeto reacionário da ultra-direita, assim como garantir a autodefesa de nossa classe. 

Devemos fortalecer iniciativas coordenadas que nos permitam apoiar e organizar a luta em defesa das liberdades democráticas, o respeito aos resultados das pesquisas e o direito à autodefesa da classe trabalhadora, dos líderes e das organizações do movimento de massa.

Nossa luta deve ser sempre em defesa das liberdades e contra qualquer iniciativa tendenciosa de golpe, como é o caso destes bloqueios de estradas.

 

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